quinta-feira, 25 de agosto de 2016

SUCESSO



SUCESSO

Observe as ondas no oceano. Quanto mais alto a onda sobe, mais fundo é o sulco que a segue. Em um momento, você é a onda, no outro, você é o sulco que se forma atrás. Aproveite ambos -- não fique apegado apenas a um deles. Não diga: "Eu gostaria de estar sempre no auge!" Isso não é possível. Encare simplesmente o fato: não é possível. Isso nunca aconteceu, e nunca irá acontecer. É simplesmente impossível -- não faz parte da natureza das coisas. Então, o que se pode fazer?
Desfrute o pico enquanto ele durar, e depois desfrute o vale, quando ele vier. O que há de errado com o vale? O que há de mal em estar em baixa? É um relaxamento. O pico é uma excitação e ninguém pode viver o tempo todo em estado de excitação.

COMENTÁRIO:
Este personagem, obviamente, está, neste momento, "a cavaleiro do mundo", e todos estão celebrando o seu sucesso com uma chuva de papel picado.
Devido à sua disposição para aceitar os recentes desafios da vida, neste momento, você está -- ou logo estará -- desfrutando de uma maravilhosa cavalgada sobre o tigre do sucesso. Receba bem essa oportunidade, desfrute-a, compartilhe a sua alegria com os outros -- e lembre-se de que todas as brilhantes paradas têm um começo e um fim.
Mantendo isso em mente, se você extrair cada gota de sumo da felicidade que está experienciando neste momento, será capaz, depois, de aceitar o futuro da forma como vier, sem arrependimentos. Não seja, porém, tentado a agarrar-se a este momento de abundância, ou a acondicioná-lo em plástico para que dure para sempre.
A maior sabedoria para ter em mente à medida que vão desfilando os acontecimentos da sua vida, sejam momentos de alta ou de baixa, é que "isto também passará". Celebre sim, e continue a cavalgar o tigre.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

GLOSSÁRIO DE SIMBOLOS

Glossário dos Símbolos:

Bird: Espírito do ar, imaginação, possibilidades, felicidade, "a alma ", entrando em um estado superior de consciência.
Buda: Perfeição, consciência pura, auto-realização, a sabedoria suprema, a compaixão, a quietude , a transcendência da dualidade.
Borboleta: Transformação, leviandade, leveza, provisoriedade, fragilidade.
Camel: auto- satisfeito, desconhecimento, temperamental, loucura.
Cadeia: condições, limitações, limites.
Criança: Potencial, simplicidade, inocência, alegria, perfeição, transmutação.
Circle: Pure espaço, espírito, totalidade, plenitude, feminilidade, sem começo nem fim, auto-suficiente, o céu.
Nuvens: A mente (que muda de natureza ), escondendo ou cobrindo, luz e clareza, as bênçãos ocultas, opressão, peso ou leveza e não-seriedade, informe.
Cores: Violeta: inteligência , equilíbrio, igualdade; vermelho (quente ) + azul (frio ) = violeta.
Vermelho: Força, energia, fogo, o sol, paixão, sexualidade, masculino, princípio ativo.
Pink: o amor, a perfeição (vermelho + branco = rosa; força + paixão = amor e pureza).
Ouro: Verdade, iluminação, esplendor.
Branco: Pureza, perfeição, inocência, iluminação, santidade, simplicidade, yang.
Preto: Vazio, morte, tempo, noite, frio, yin.
Azul: Água, frieza, profundidade, espaço, céu.
Grey: Nuvens, mudança, neutro ( capaz de se mover em qualquer direção), entre a escuridão e a luz.
Verde: Natureza, a abundância, a primavera (amarelo + azul = verde, ou seja, o calor das emoções + frieza de sabedoria = renovação, criatividade.
Cristal: Insight, clareza.
Copa: Open, receptivo, feminino, o coração.
Golfinho Brincalhão, inteligência, sensibilidade, gentileza, alegria.
Eagle: inspiração, força, autoridade, diretor espiritual, uma ponte entre o céu ea terra, masculino, solar, expansivo.
Eyes Open: Consciência.
Olhos Fechados: olhar para dentro, ou estar dormindo.
Fogo: Transformação, poder, energia, força, paixão, purificação, inspiração, masculino, solar.
Flores: O pleno desenvolvimento das potencialidades, expansão, aberto e de partilha.
Frutas: Suculência, a fertilidade, a essência.
Cabelo Comprido, fluindo: energia, a liberdade de pensamento (inspiração), força de vida, virilidade.
Cabelo Raspado: Renunciando o físico.
Desgrenhado: Confusão, infelicidade.
Halo: Luz da verdade, brilho, energia vital.
Mão Vazia: Open, receptivo, feminino.
Hara: O centro de energia vital no corpo, logo abaixo do umbigo, o centro de força vital.
Quebra-cabeça: o jogo da vida, toda a imagem composta de muitas peças pequenas.
Faca/Sword: Divisão, poder, agressão, mental, cortando (ou seja, clareza)
Folhas verde: Fertilidade, regeneração.
Folhas de outono: Letting go, maturidade.
Relâmpago: Thunderbolt, revelação, choque, poder divino, iluminação.
Lion: Destemor, o poder, a individualidade..
Lagarto: Sabedoria, o segredo, o silêncio..
Flor de Lótus: O produto da união dos opostos, luz (o sol ) e escuro (água), símbolo do espírito e da transformação.
Folha: Perfeição, desenvolvimento espiritual.
Mantis: Brincalhão, o inquérito não graves.
Monkey: Transformação, malandro, curiosidade.
Lua: Mistério, a renovação perpétua (fases), o conhecimento interior..
Lua Cheia: Esclarecimento, o magnetismo feminino.
Lua + Sol: o céu ea terra, o casamento sagrado, ouro e prata.
Noite/Darkness: Desconhecido, vazio.
No Head: No-mente, além do pensamento.
Nudez: Inocência, natural, sem vergonha
Octagon: Número de regeneração, renascimento.
Rainbow: Ponte do céu e da terra, espiritual + manifesto espectro, cheio de possibilidades.
Rocks: Desafios, barreiras, inflexível.
Rose: Coração.
Rose + espinhos: Perfeição/paixão
Ovinos: Condicionado, status quo "a multidão".
Cobra: Rejuvenescimento, sexualidade, astúcia, totalidade, a auto-suficiência, o fim é o começo.
Espiral: fertilidade, a fonte de regeneração, um vórtice, a força criativa.
Square: O conhecido, forma manifesta, estável.
Sun: Power, divindade, o esplendor, sabedoria, iluminação, masculino, fonte de vida.
Tiger: Autoridade, riqueza e realização.
Tocha: A vida, a verdade, a imortalidade, a inteligência.
Tartaruga: Auto-suficiente, em casa, na água (emoções), em terra (físico).
Árvore: Nutrir, enraizamento, abundância, abrigando, calma, força, resistência.
Triângulo: Tríplice natureza do universo.
Apontando para cima : a vida , o calor , do sexo masculino , o rei em cartas da corte , espiritual
Apontando para baixo: Lunar, feminino, receptivo, rainha de cartas da corte, fresco.
Que aponta à esquerda: Movimento do passivo para o ativo, Página em cartões de corte.
Apontando direita: Movimento: o ativo para o interior, Knight em cartões de corte.
Véu: Ilusão, maya , a escuridão , a ignorância.
Vênus : Amor, paixão, criatividade , feminilidade , a imaginação , a sexualidade
Wand / Staff : Suporte, autoridade , viajando
Água: Emoções , profundidade, intuição, flu.indo, o não-manifesto, o potencial, a purificação, o útero e nascimento, dando - vida.
Roda: Hora, o destino, o karma, a mudança.
Asas da Liberdade, o vôo para o desconhecido, o poder de transcender o mundano
Grinalda de folhas, flores, usado na cabeça : Sucesso, conquista sobre o material
Yin/Yang: O complemento dos opostos. O lado negro, profundidade, escuridão, não manifesto, a alma, a intuição , flexível , noite, feminino.
O lado branco, ativo, dia, homem , manifesta, expansivo, racional..
Juntos : um equilíbrio perfeito entre as duas forças universais primários.
Signo: Ciclo de transformação, interconexão de existência (céu e terra), o mundo dos fenômenos..

COMPARAÇÃO



COMPARAÇÃO

A comparação gera inferioridade, superioridade. Quando você não estabelece comparações, toda inferioridade e toda superioridade desaparecem. Nessa condição você simplesmente é, você simplesmente está aí. Um pequeno arbusto ou uma grande árvore alta -- isso não importa -- você é você mesmo. Você é necessário. Uma folha de grama é tão necessária quanto a maior das estrelas. Sem a folha de grama, Deus será menos do que ele é. O pipilar de um pássaro é tão necessário quanto qualquer buda -- o mundo será menos, será menos rico se esse pássaro desaparecer.
Basta olhar à sua volta. Tudo é necessário e se encaixa em um todo. Trata-se de uma unidade orgânica: ninguém está acima, ninguém está abaixo, ninguém é superior, ninguém é inferior. Cada qual é incomparavelmente único.

COMENTÁRIO:
Quem foi que lhe disse que o bambu é mais bonito do que o carvalho, ou que o carvalho é mais valioso do que o bambu? Você imagina que o carvalho gostaria de ter um tronco oco como o do bambu? Será que o bambu sente inveja do carvalho porque ele é maior e suas folhas mudam de coloração no outono? A própria idéia das duas árvores fazendo comparações entre si parece ridícula, mas os humanos consideram muito difícil romper com esse hábito.
Vamos encarar os fatos: sempre existirá alguém que é mais bonito, mais talentoso, mais forte, mais inteligente, ou aparentemente mais feliz do que você. E, inversamente, sempre haverá aqueles que são inferiores a você em todos esses aspectos. 
O caminho para descobrir quem você é, não é a comparação com os outros, mas um exame para ver se você está realizando o seu próprio potencial, da melhor maneira de que é capaz.

ESQUIZOFRENIA



ESQUIZOFRENIA

O homem é dividido. A esquizofrenia é uma condição normal do homem -- ao menos no momento atual. Pode não ter sido assim no mundo primitivo, porém séculos de condicionamento, civilização, cultura e religião transformaram o homem numa multidão -- dividida, separada, contraditória... Contudo, pelo fato de essa divisão ser contrária à sua natureza, lá no fundo, escondida em alguma parte, à unidade ainda sobrevive. Porque a alma do homem é unitária, todos os condicionamentos, no máximo, só destroem a periferia do homem. O centro permanece intocado -- por isso é que o homem continua a viver. Mas sua vida tornou-se um inferno.

Todo o trabalho do Zen é voltado para o como desfazer-se dessa esquizofrenia, como desvencilhar-se dessa personalidade cindida, como descartar a mente dividida do homem, como tornar-se não-dividido, integrado, centrado, cristalizado. 
Do jeito como você está, não se pode dizer que você é. Você não tem um ser -- é uma praça de mercado: muitas vozes. Quando você quer dizer "sim", imediatamente o "não" se apresenta. Sequer você consegue articular um simples "sim" com inteireza... Dessa maneira a felicidade não é possível; a infelicidade é uma conseqüência natural de uma personalidade dividida.

COMENTÁRIO:
O personagem desta carta traz um novo significado à velha idéia de "estar entre a cruz e a espada"! Mas é precisamente nesse tipo de situação que ficamos quando nos deixamos aprisionar pelo aspecto hesitante e dualista da mente. "Devo deixar que meus braços se soltem e cair de cabeça para baixo, ou deixar que as minhas pernas se soltem, e cair de pé? Devo vir para cá ou ir para lá? Devo dizer sim ou não?" E seja qual for a decisão que tomemos, sempre estaremos nos questionando se não deveríamos ter decidido do modo contrário. 
A única maneira de sair desse dilema é, infelizmente, soltar os dois extremos ao mesmo tempo. Desse impasse você não vai conseguir sair valendo-se de fórmulas, pesando os prós e os contras, ou tentando resolvê-lo de alguma outra forma com a sua mente. Melhor seguir o seu coração, se lhe for possível ter acesso a ele. Se não tiver, simplesmente salte -- o seu coração começará a bater tão depressa que não haverá engano a respeito de onde ele está!

CONTROLE



CONTROLE

Pessoas controladas estão sempre nervosas porque lá no fundo, o tumulto ainda está escondido. Se você não é controlado, mas é "solto", vivo, então não é nervoso. Não há motivo para estar nervoso -- o que quer que aconteça, acontece. Você não tem expectativas para o futuro, não está representando. Então, por que deveria ficar nervoso? 

Para conseguir controlar a mente, a pessoa precisa ficar tão fria, gelada, que nenhuma energia vital é permitido entrar nos seus membros, no seu corpo. Se essa energia tiver permissão para se mover, essas repressões virão à superfície. Por isso é que as pessoas aprenderam a manter-se frias, a tocar os outros sem de fato tocá-los, a ver as pessoas e, contudo não enxergá-las. Vivemos com frases feitas -- "Olá, como vai?" Ninguém quer dizer nada com isso. Essas frases são justamente para evitar o encontro real entre duas pessoas. As pessoas não se olham nos olhos, não se seguram às mãos, não procuram sentir a energia umas das outras, não se permitem o extravasamento de emoções -- muito amedrontadas, dando apenas um jeito de ir levando as coisas, frias e mortas, dentro de uma camisa-de-força.

COMENTÁRIO:
Existe um tempo e um lugar para o controle, mas se nós o colocamos presidindo as nossas vidas, acabamos totalmente enrijecidos. A figura desta carta apresenta-se encaixada nos ângulos das formas piramidais que a circundam. A luz pisca e reflete nas superfícies brilhantes da pirâmide, mas não penetra. É como se o personagem estivesse quase mumificado no interior dessa estrutura que construiu em volta de si mesmo. Os punhos estão crispados e o seu olhar é vazio, quase cego. A parte inferior do seu corpo, abaixo da mesa, é uma ponta de faca, um fio cortante que divide e separa. 
O seu mundo é organizado e perfeito, mas não é vivo -- ele não pode permitir que nenhuma espontaneidade ou vulnerabilidade penetre ali.
A figura do Rei das Nuvens é um lembrete para que tomemos uma respiração profunda, afrouxemos a gravata e passemos a cuidar das coisas com calma. Se houver enganos, tudo bem. Se as coisas ficarem um pouco fora de controle, isso é com certeza exatamente o que o médico prescreveu. Há muito, muito mais na vida do que estar "no controle das coisas".

RECEPTIVIDADE



RECEPTIVIDADE

 Ouvir é um dos segredos básicos para se entrar no templo de Deus. Ouvir significa passividade. Significa se esquecer completamente de si mesmo -- só então você pode ouvir.
Quando você ouve alguém com atenção, você se esquece de si mesmo. Se você não consegue se esquecer da sua pessoa, você nunca ouve. Estando autoconsciente demais, você simplesmente finge que está ouvindo -- não ouve. Pode balançar a cabeça; dizer algumas vezes "sim" e "não" -- mas você não está ouvindo.
Quando ouve, você se torna apenas uma passagem, uma passividade, uma receptividade, um útero: você se torna feminino. E, para chegar lá, a pessoa tem que se tornar feminina. Não se pode alcançar Deus como um invasor violento, um conquistador. Você só poderá alcançar Deus... ou será melhor dizer: Deus poderá alcançá-lo somente quando você estiver receptivo, uma receptividade feminina. Quando você se tornar yin -- uma passividade --, a porta está aberta. E você espera. 
Escutar é a arte de se tornar passivo.

COMENTÁRIO:
A receptividade representa a natureza feminina, passiva, da água e das emoções. Os braços da figura estão estendidos para cima, para receber, e ela apresenta-se completamente imersa na água. A figura não tem cabeça -- nenhuma mente sobrecarregada e agressiva para atrapalhar a sua receptividade pura. E à medida que ela é preenchida, vai continuamente se esvaziando, transbordando e recebendo mais. 
O símbolo ou matriz de lótus que emerge da figura representa a harmonia perfeita do universo, que se torna aparente quando estamos em sintonia com ele.
A Rainha da Água traz um tempo de desprendimento e gratidão por tudo o que a vida possa nos dar, sem quaisquer expectativas ou exigências. Nem sentimentos de obrigação, nem idéias de reconhecimento de mérito ou de recompensas são importantes. Sensibilidade, intuição e compaixão são os traços que se destacam agora, dissolvendo todos os obstáculos que nos mantêm separados uns dos outros, e do todo.

ALÉM DA ILUSÃO



ALÉM DA ILUSÃO

Esta é a única distinção entre o sonho e o real: a realidade permite-lhe duvidar e o sonho não lhe permite duvidar...
Para mim, a capacidade de duvidar é uma das maiores bênçãos da humanidade. As religiões comportam-se como inimigas, porque podam as próprias raízes da dúvida; e existe uma razão para que elas ajam assim: elas querem que as pessoas acreditem em determinadas ilusões que elas vivem pregando...

Por que motivo pessoas como o Buda Gautama têm insistido tanto em que a existência inteira -- com exceção do seu eu que a tudo testemunha, com exceção da sua consciência - é efêmera, feita do mesmo material de que são feitos os sonhos? Elas não estão afirmando que aquelas árvores não se encontram ali. Não estão dizendo que aqueles pilares não estão lá. Não entenda mal por causa da palavra ´ilusão´ (maya)... 
A palavra foi traduzida como "ilusão", mas ´ilusão´ não é a palavra certa. Ilusão é algo que não existe. A realidade existe. "Maya" fica exatamente entre as duas -- algo que quase-existe. No que diz respeito a atividades do dia-a-dia, maya pode ser tomado como realidade. Apenas no seu sentido máximo - a partir do ápice da sua iluminação -, as coisas se revelam irreais, ilusórias.

COMENTÁRIO:
A borboleta, nesta carta, representa o exterior, aquilo que está constantemente se transformando, aquilo que não é real, mas uma ilusão. Por detrás da borboleta está a face da consciência, olhando para dentro, para aquilo que é eterno. O espaço entre os dois olhos abriu-se, revelando o lótus do desenvolvimento espiritual e o sol da consciência que se levanta. Através da ascensão do sol interior, nasce a meditação.
A carta nos lembra de não olhar para fora à procura do que é real, mas olhar antes para dentro de nós mesmos. Quando nos concentramos no mundo exterior, com freqüência nos assaltam os julgamentos -- isto é bom, isto é ruim, isto eu quero, aquilo eu não quero. Tais julgamentos nos mantêm prisioneiros das nossas ilusões, da nossa sonolência, dos nossos velhos hábitos e padrões. 
Abandone sua mente opiniosa e mova-se para dentro. Lá você poderá relaxar no seio da sua própria verdade mais profunda, onde a diferença entre sonhos e realidade já é

DEIXANDO IR



DEIXANDO IR

Na existência não há ninguém que seja superior e ninguém que seja inferior. Uma folha de grama e a grande estrela são absolutamente iguais... 
O homem, porém, quer estar acima dos outros, quer conquistar a natureza, e por isso precisa lutar continuamente. Toda complexidade é fruto dessa luta. A pessoa inocente é aquela que renunciou à luta, que não está mais interessada em estar acima, que não está mais interessada em mostrar desempenho, em provar que é alguém especial; é aquela que se tornou semelhante a uma rosa, ou a uma gota de orvalho sobre a folha de lótus; que se tornou parte desta infinidade; aquela que se fundiu, se misturou e se tornou uma coisa só com o oceano, e agora é simplesmente uma onda; é aquela que não tem qualquer idéia do "eu". O desaparecimento do "eu" é a inocência.

COMENTÁRIO:
Nesta imagem de folhas de lótus ao amanhecer podemos ver, pela ondulação da água, que uma gota acabou de cair. É um momento precioso, pungente. Ao render-se à força da gravidade escorregando da folha, a gota perde a sua identidade anterior e junta-se à vastidão da água que está embaixo. Podemos imaginar que ela deva ter vacilado antes de cair, na exata fronteira entre o conhecido e o incognoscível. 
Tirar esta carta em uma leitura é o reconhecimento de que alguma coisa acabou, de que algo está se completando. Seja o que for -- um emprego, um relacionamento, um lar que você amou, qualquer coisa que possa tê-lo ajudado a definir quem você é -- é hora de deixar isso para trás, permitindo qualquer tristeza que surja, mas sem tentar se agarrar ao que se completou. Alguma coisa maior está esperando por você: há novas dimensões a serem descobertas. Você ultrapassou o ponto a partir do qual não há volta, e a gravidade está cumprindo a sua função. Não resista: isso significa libertação.

OS AMANTES



OS AMANTES

É preciso ter em mente estas três coisas: o amor de nível inferior é o sexo -- este é físico -- e o refinamento maior do amor é a compaixão. O sexo encontra-se abaixo do amor, a compaixão está acima dele; o amor fica exatamente no meio. 

Bem pouca gente sabe o que é o amor. Noventa e nove por cento das pessoas, infelizmente, pensa que sexualidade é amor -- não é. A sexualidade é por demais animal; certamente, ela contém o potencial para transformar-se em amor, mas ainda não é amor, apenas potencial... 

Se você se tornar consciente e alerta, meditativo, então o sexo poderá ser transformado em amor. E se a sua atitude meditativa tornar-se total, absoluta, o amor poderá ser transformado em compaixão. O sexo é a semente, o amor é a flor, compaixão é a fragrância. 

Buda definiu a compaixão como sendo "amor mais meditação". Quando o seu amor não é apenas um desejo pelo outro, quando o seu amor não é apenas uma necessidade, quando o seu amor é um compartilhar, quando seu amor não é de um pedinte, mas de um imperador, quando o seu amor não está pedindo nada em troca, mas está pronto para dar apenas -- dar só pela total alegria de dar --, então, acrescente a meditação a ele, e a pura fragrância é exalada. Isso é compaixão; compaixão é o fenômeno mais elevado.

COMENTÁRIO:
Aquilo que chamamos de amor é na verdade todo um espectro de modos de se relacionar, abrangendo desde a terra até o céu. No nível mais terreno, o amor é a atração sexual. Muitos de nós continuamos presos nesse nível, porque o condicionamento a que fomos submetidos sobrecarregou nossa sexualidade com toda sorte de expectativas e de repressões. 
Na verdade, o maior "problema" do amor sexual é que ele nunca perdura. Só quando aceitamos tal fato é que podemos celebrá-lo pelo que ele realmente é -- dar as boas-vindas a seu aparecimento, e dizer adeus com gratidão quando ele se vai. 
Então, à medida que vamos amadurecendo, podemos vivenciar o amor que existe além da sexualidade, e que honra a individualidade singular do outro. Começamos a compreender que o nosso parceiro funciona freqüentemente como um espelho, refletindo aspectos desconhecidos do nosso ser mais profundo, e ajudando-nos a nos tornarmos completos em nós mesmos. 
Esse amor é baseado na liberdade, não em expectativas nem na necessidade. Em suas asas, somos levados cada vez mais alto em direção ao amor universal, que vivencia tudo como uma coisa só.

ORIENTAÇÃO



ORIENTAÇÃO

Você sente necessidade de procurar orientação, porque não sabe que o seu guia interior está escondido dentro de você. É necessário encontrar esse guia interior, que eu chamo de "a sua testemunha". Chamo também de "o seu dharma", seu buda intrínseco. É preciso acordar esse buda, e a sua vida será banhada de bênçãos, de graças. Sua vida tornar-se-á radiante de bem, de divindade, muito mais do que você seria capaz de imaginar. É quase como luz. Se o seu quarto está escuro, basta trazer luz. Até uma pequena vela servirá: toda a escuridão desaparece. Tendo uma vela, você saberá onde fica a porta. Não precisará pensar: "Onde está a porta?". Só quem é cego pergunta onde está a porta. Gente que tem olhos e dispõe de luz nem pensa nisso. Alguma vez você já se perguntou onde fica a porta...!? Você simplesmente levanta e sai. Não dedica um pensamento sequer a semelhante questão. Nem começa a tatear procurando a porta, ou a bater a cabeça contra a parede. Você simplesmente vê, e não existe nem mesmo um lampejo de pensamento: você simplesmente sai.

COMENTÁRIO:
A figura angelical que aparece nesta carta, com asas coloridas como o arco-íris, representa o guia que cada um de nós traz dentro de si. Como acontece com a segunda figura, no plano de fundo, algumas vezes nós podemos relutar em confiar nesse guia quando ele se manifesta, porque estamos acostumados a receber nossos "sinais" mais do mundo exterior do que de dentro de nós mesmos.
A verdade do seu próprio ser mais profundo está tentando mostrar-lhe o caminho a seguir neste exato momento, e, quando esta carta aparece, significa que você pode confiar na orientação interior que lhe está sendo dada. Esta orientação vem por meio de sussurros, e algumas vezes podemos hesitar, sem saber se compreendemos corretamente. As indicações, porém, são claras: seguindo o seu guia interior você se sentirá mais pleno, mais integrado, como se estivesse se movimentando a partir do centro do seu próprio ser. Se você a acompanhar, essa célula de luz o conduzirá exatamente para onde você precisa ir.

FLORESCIMENTO


FLORESCIMENTO

O Zen quer vê-lo vivendo, vivendo em abundância, vivendo na completude, vivendo intensamente -- não em grau mínimo, como pretende a Cristandade, mas no grau máximo, transbordante. 

A sua vida deveria derramar-se até os outros. A sua felicidade, a sua bem-aventurança, o seu êxtase, não deveriam ficar confinados dentro de você, como uma semente. Deveriam abrir-se como a flor e espalhar sua fragrância indiscriminadamente -- não apenas para os amigos, mas para os desconhecidos também.

Isso é compaixão verdadeira, amor verdadeiro: compartilhar a sua iluminação, compartilhar a sua dança do além.

COMENTÁRIO:
A Rainha do Arco-Íris é como uma planta fantástica que atingiu o ápice do seu florescimento e das suas cores. É muito sensual, muito cheia de vida e plena de possibilidades. Estalando os dedos ela acompanha a música do amor, e o seu colar do zodíaco está colocado de tal maneira que Vênus repousa sobre o seu coração. As mangas da sua vestimenta contêm sementes em abundância, e, à medida que sopra o vento, elas são espalhadas para criar raízes onde lhes for possível. Não a preocupa saber se as sementes caem no solo ou sobre as pedras -- ela apenas as vai espalhando por toda parte, em total celebração da vida e do amor. Flores caem do alto sobre a sua cabeça, em harmonia com o seu próprio florescimento, e as águas da emoção serpenteiam divertidamente sob a flor em que ela está sentada. 
Você poderia sentir-se neste exato momento como um jardim de flores, regado por bênçãos vindas de toda parte. Dê boas-vindas às abelhas, convide os pássaros a beber do seu néctar. Espalhe em volta a sua alegria, para que todos compartilhem dela.

NOVA VISÃO



NOVA VISÃO

Quando você se abre para o supremo, imediatamente ele se derrama dentro de você. Você já não é mais um ser humano comum -- você transcendeu. Seu insight transformou-se no insight da existência como um todo. Agora, você não é mais um ser à parte -- você encontrou as suas raízes. 

Não sendo assim -- o que é o mais comum --, as pessoas vão vivendo sem raízes, sem saber de onde o seu coração continua recebendo energia, sem saber quem continua respirando em seu interior, sem conhecer a seiva da vida que está circulando dentro delas.
Não se trata do corpo, e não se trata da mente -- é alguma coisa transcendental a todas as dualidades, que se denomina bhagavat -- o bhagavat nas dez direções...

O seu ser interior, quando se abre, vivencia inicialmente duas direções: a altura e a profundidade. Depois, devagarinho, à medida que vai se acostumando com essa situação, você começa a olhar em volta, estendendo-se em todas as outras oito direções. 
Quando você alcançar o ponto em que a sua altura e a sua profundidade se encontram, então, você poderá olhar em volta, para a própria circunferência do universo. A partir desse momento, a sua consciência começará a desdobrar-se em todas as dez direções, mas o caminho terá sido só um.

COMENTÁRIO:
A figura desta carta está nascendo de novo, emergindo de suas raízes presas a terra e criando asas para voar em direção ao ilimitado. As formas geométricas em volta do seu corpo mostram as muitas dimensões da vida que estão simultaneamente ao seu alcance. O quadrado representa a parte física, o que está manifesto, o conhecido. O círculo representa o não-manifesto, o espírito, o espaço puro. E o triângulo simboliza a natureza trina do universo: o manifesto, o não-manifesto, e o ser humano que contém a ambos.
Você está tendo agora uma oportunidade para enxergar a vida em todas as suas dimensões, das suas profundezas às alturas. Elas existem lado a lado, e, quando descobrimos pela experiência que o escuro e o difícil são tão necessários quanto o claro e o fácil, passamos a ter uma perspectiva muito diferente do mundo. Ao deixarmos que todas as cores da vida penetrem em nós, tornamo-nos mais integrados.

RELÂMPAGO



RELÂMPAGO

O que a meditação faz lentamente, um forte brado do mestre, inesperado, na situação em que o discípulo está fazendo uma pergunta e o mestre pula e grita, ou lhe dá um golpe firme, ou o atira porta afora, ou salta sobre ele... 
Tais métodos não eram conhecidos. Foi simplesmente a genialidade muito criativa de Ma Tzu, e ele levou muitas pessoas à iluminação. 
Algumas vezes parece hilariante: ele jogou um homem pela janela de um prédio de dois andares, e o homem só havia ido perguntar-lhe sobre o que meditar. Ma Tzu não apenas o atirou como saltou em seguida, caiu por cima dele, sentou-se no seu peito e perguntou: "Entendeu? 

O pobre sujeito respondeu "Sim", porque se dissesse "Não", o mestre seria capaz de bater nele, ou de fazer qualquer outra coisa. Aquilo já era o bastante -- seu corpo estava arrebentado e Ma Tzu, sentado no seu peito, perguntando: "Entendeu?"
De fato ele entendeu, e justamente por aquilo ter sido tão repentino, inesperado; ele nunca poderia ter imaginado uma coisa daquelas.

COMENTÁRIO:
A carta mostra uma torre sendo queimada, destruída, explodida. Um homem e uma mulher se atiram dela, não por quererem isso, mas porque não há escolha. No fundo, aparece uma figura transparente, meditativa, representando a consciência que a tudo assiste. 
Talvez você esteja se sentindo muito abalado neste exato momento, como se a terra tremesse sob seus pés. O seu sentido de segurança está sendo desafiado, e a tendência natural é tentar segurar-se em tudo que estiver ao seu alcance. Esse terremoto interior, porém, é tanto necessário quanto tremendamente importante -- se você aceitar que ele aconteça, você emergirá dos escombros mais forte e mais disponível a novas experiências. 
Depois do incêndio, a terra é repovoada; após a tempestade o ar apresenta-se limpo. Tente assistir à destruição com desprendimento, quase como se isso estivesse acontecendo com uma outra pessoa. Diga "sim" ao processo ao encontrá-lo a meio caminho.

CONSCIÊNCIA



CONSCIÊNCIA

A mente nunca pode ser inteligente -- só a não-mente é inteligente. Só a não-mente é original e radical. Só a não-mente é revolucionária -- revolução em ação. 

A mente lhe dá uma espécie de estupor. Sobrecarregado pelas lembranças do passado, sobrecarregado pelas projeções do futuro, você vai vivendo -- num nível mínimo. Não vive no máximo. A sua chama permanece muito fraca. 

Uma vez que você começa a deixar de lado os pensamentos, a poeira que você acumulou no passado, a chama se ergue -- límpida, clara, viva, jovem. A sua vida como um todo se transforma em uma chama, e uma chama sem nenhuma fumaça. Isto é o que é a consciência.

COMENTÁRIO:
O véu da ilusão ou maya, que tem estado impedindo que você perceba a realidade como ela é, está começando a queimar-se. Tal fogo não é a chama aquecida da paixão, mas a flama fria da consciência. À medida que o véu vai sendo queimado, o rosto de um buda muito delicado e infantil torna-se visível.
A consciência que está crescendo em você neste momento não é o resultado de algum "fazer" consciente, nem é preciso que você se esforce para fazer alguma coisa acontecer. Qualquer impressão que você possa ter de que vinha tateando no escuro, está se desfazendo agora, ou logo se dissipará. Deixe-se assentar, e lembre-se de que, bem no fundo, você é apenas uma testemunha, eternamente silenciosa, consciente e imutável. 
Um canal está se abrindo agora a partir da esfera de atividades até o centro do testemunhar. Ele o ajudará a atingir o desapego, e uma nova consciência removerá o véu dos seus olhos.

CRIATIVIDADE



CRIATIVIDADE

Criatividade é a qualidade que você traz para a atividade que está fazendo. Trata-se de uma atitude, de uma disposição interior -- a maneira como você olha para as coisas... 

Nem todo mundo pode ser um pintor -- e também não há necessidade disso. Se todos fossem pintores, o mundo seria muito feio; e viver seria difícil. E também não é todo mundo que pode ser dançarino, nem há necessidade disso. Todos, porém, podem ser criativos. 

Seja o que for que faça, se você o faz com alegria, se o faz com amor, se o seu ato de fazer não é meramente econômico, então ele é criativo. Se algo cresce em seu íntimo como conseqüência, se isso lhe traz desenvolvimento, então é espiritual, é criativo, é divino. Você se torna mais divino à medida que fica mais criativo. 

Todas as religiões do mundo disseram que Deus é o criador. Eu não sei se ele é ou não é o criador, mas de uma coisa eu sei: quanto mais criativo você se torna, mais divino você fica. Quando sua criatividade chega a um clímax, quando a sua vida inteira se torna criativa, você está em Deus. Ele deve ser, portanto, o criador, pois as pessoas que foram criativas estiveram mais próximas dele. Ame o que você faz. Assuma uma postura meditativa enquanto você estiver fazendo algo -- seja lá o que for!

COMENTÁRIO:
A partir da alquimia de fogo e água na parte de baixo, até a luz divina que entra pela parte de cima, a figura desta carta está literalmente "possuída" pela força criativa. Realmente, a experiência da criatividade é um mergulho no misterioso. Técnica, treinamento e conhecimento são apenas instrumentos; o segredo é abandonar-se à energia que alimenta o nascimento de todas as coisas.
Essa energia não tem forma nem estrutura e, no entanto, todas as formas e estruturas nascem dela. 
-: Pouco importa a forma de expressão particular que a sua criatividade assuma -- pode ser a pintura ou o canto, o plantio de um jardim ou a preparação de uma refeição. O importante é estar aberto para aquilo que quer se expressar por seu intermédio. Lembre-se de que não somos donos das nossas criações -- elas não nos pertencem.
A criatividade verdadeira nasce de uma união com o divino, com o místico e com o incognoscível. Daí ser ela tanto uma alegria para quem cria, quanto uma bênção para os demais.

O AVARENTO



O AVARENTO

No momento em que você se torna avarento, fica fechado para o fenômeno fundamental da vida: a expansão, o compartilhar.
Quando começa a se apegar a coisas, você perde o alvo de vista -- simplesmente perde. Porque as coisas não são o alvo: você, o seu ser interior, é que é o alvo -- não uma bela casa, mas a sua beleza; não dinheiro em abundância, mas a sua riqueza; não coisas demais, mas um ser aberto, disponível a milhões de coisas.

COMENTÁRIO:
Esta mulher levantou uma fortaleza à sua volta, e fica agarrada a tudo o que tem, a tudo o que considera seu tesouro. Ela acumulou tanto para se enfeitar -- inclusive penas e peles de criaturas vivas -- que, no seu empenho, ela de fato ficou mais feia. 
Esta carta nos desafia a examinar aquilo a que estamos nos apegando e o que possuímos de tão valioso que precise ser protegido por uma fortaleza. Não é preciso que seja muito dinheiro na conta, nem uma caixa repleta de jóias -- poderia ser algo tão simples como compartilhar o nosso tempo com um amigo, ou assumir o risco de expressar o nosso amor por outra pessoa. Igual a um poço que é selado e se torna estagnado pela falta de uso, os nossos tesouros ficam embaçados e sem proveito se nos recusamos a compartilhá-los. Independente daquilo a que esteja se apegando, lembre-se de que não poderá levar isso consigo. Desapegue-se, e sinta a liberdade e a expansão que o compartilhar é capaz de proporcionar.

PACIÊNCIA



PACIÊNCIA

Nós nos esquecemos de como esperar; este é um espaço quase abandonado. No entanto, ser capaz de esperar pelo momento certo é o nosso maior tesouro. A existência inteira espera pelo momento certo. Até as árvores sabem disso -- qual é o momento de florescer, e o de deixar que as folhas caiam, e de se erguerem nuas ao céu. Também nessa nudez elas são belas, esperando pela nova folhagem com grande confiança de que as folhas velhas tenham caído, e de que as novas logo estarão chegando. E as folhas novas começarão a crescer.
Nós nos esquecemos de como é esperar: queremos tudo com pressa. Trata-se de uma grande perda para a humanidade...
Em silêncio e à espera, alguma coisa dentro de você vai crescendo -- o seu autêntico ser. Um dia ele salta e se transforma numa labareda, e a sua personalidade inteira é estilhaçada: você é um novo homem. E esse novo homem sabe o que é uma cerimônia, esse novo homem conhece os sumos eternos da vida.

COMENTÁRIO:
Há momentos em que a única coisa a fazer é esperar. A semente já foi plantada, a criança está crescendo no útero, a ostra está cobrindo o grão de areia, transformando-o em uma pérola. 
Esta carta nos lembra de que este é um momento em que tudo o que se requer é manter-se simplesmente atento, paciente, à espera. A mulher retratada na carta está justamente nessa atitude. Satisfeita, sem sinais de ansiedade, ela está apenas à espera. Ao longo de todas as fases da lua que se sucedem no alto, ela permanece paciente, tão sintonizada com os ritmos da lua, que quase se confunde com ela. A mulher sabe que esta é uma época para permanecer na passividade, deixando que a natureza siga o seu caminho. Não está, porém, com expressão de sono, nem indiferente; sabe que é tempo de se preparar para alguma coisa importante. Trata-se de um período repleto de mistério, como as horas que antecedem o amanhecer. É um tempo em que a única coisa a fazer, é esperar.

CURA


CURA

Você é quem carrega a sua chaga. Enquanto existir o ego, o seu ser como um todo será uma ferida. E você irá carregá-la por aí. Ninguém está interessado em feri-lo, ninguém está de fato esperando para machucá-lo; todos estão ocupados em proteger os seus próprios ferimentos. Quem teria tanta energia para ainda querer atingi-lo? Mas, ainda assim, acontece, porque você está demasiado pronto para ser atingido, demasiado pronto, apenas na expectativa de que alguma coisa aconteça.

É impossível atingir um homem do Tao. Por quê? Porque não existe ninguém ali para ser atingido. Não há nenhuma ferida. Ele é saudável, curado, pleno. A palavra ´pleno´ é bonita. Em inglês, a palavra ´curar´ [to heal] vem de ´pleno´ [whole], e a palavra ´sagrado´ [holy] tem também a mesma origem. O homem de Tao é inteiro, curado, sagrado. Tenha consciência da sua ferida. Não deixe que piore: cure-a; e ela só será curada quando você se deslocar para baixo, para as raízes. Quanto menos estiver presente a cabeça, tanto mais facilmente a ferida será curada; não existindo a cabeça, não existe a ferida. Viva uma vida sem cabeça. Mova-se como um ser pleno, e aceite as coisas. Tente isso, apenas por vinte e quatro horas: aceitação total, aconteça o que acontecer. Se alguém o insultar, aceite a ofensa, não reaja, e veja o que acontece. De repente, você sentirá fluindo em você, uma energia nunca antes percebida.

COMENTÁRIO:
Este é um tempo em que as feridas do passado profundamente enterradas afloram para ser curadas.
A figura desta carta apresenta-se nua, vulnerável, receptiva para o toque amoroso da existência. A aura que lhe envolve o corpo está cheia de luz, e o clima à sua volta, de relaxamento, cuidado e de amor, está dissolvendo sua tensão e sofrimento. Vários lótus de luz aparecem sobre o seu corpo físico, e por todos os corpos de energia sutil, que os que curam dizem existir em torno de cada um de nós. Em cada uma dessas camadas sutis aparece um cristal ou modelo de cura.
Quando nos encontramos sob a influência de cura do Rei da Água, já não estamos mais nos escondendo de nós mesmos, nem dos outros. Nessa atitude de abertura e de aceitação poderemos ser curados, e ajudar outros a serem também saudáveis e inteiros.

O FARDO



O FARDO

A verdadeira vida de um homem é o caminho no qual ele se desfaz das mentiras que lhe foram impostas pelos outros. Desprovido das roupas, nu, ao natural, ele é aquilo que é. Trata-se aqui de ser, e não de vir a ser. A mentira não pode transformar-se na verdade, a personalidade não pode transformar-se na sua alma. Não existe maneira de transformar o não-essencial em essencial. O não-essencial permanece não-essencial, e o essencial permanece essencial -- eles não são conversíveis. Esforçar-se pela verdade só vai criar mais confusão. A verdade não precisa ser conquistada. Ela não pode ser conquistada, pois já está aí. Apenas a mentira é que precisa ser descartada.
Todos os anseios, propósitos, ideais e metas, todas as ideologias, religiões e sistemas de aperfeiçoamento, de melhoramento, são mentiras. Cuidado com tudo isso. Reconheça o fato de que do jeito como você é agora, você é uma mentira, resultado de manipulação, produzido pelos outros. A busca da verdade é de fato uma distração e um adiamento. É a fórmula encontrada pela mentira para disfarçar-se. Olhe a mentira de frente, examine a fundo a falsidade que é a sua personalidade. Pois encarar a mentira é parar de mentir. Deixar de mentir é desistir de buscar alguma verdade -- não há necessidade disso. No momento em que desaparece a mentira, ali está a verdade em toda a sua beleza e esplendor. Encarando-se a mentira ela desaparece, e o que fica é a verdade.

COMENTÁRIO:
Quando carregamos o fardo dos "você deve" e "você não deve", impostos a nós pelos outros, ficamos como este personagem roto e sofrido, pelejando para abrir seu caminho morro acima. "Mais depressa! Mais força! Tente chegar ao alto!" -- grita o tolo tirano que essa figura triste leva às costas, enquanto o próprio tirano, por sua vez, tem às costas um galo dominador.
Se a vida nestes dias está lhe parecendo apenas uma luta ininterrupta desde o berço até o túmulo, pode ser a hora de arriar a carga dos seus ombros e experimentar caminhar sem ter de carregar às costas essas figuras. Você tem suas próprias montanhas a conquistar, seus próprios sonhos a realizar, mas nunca haverá energia suficiente para ir atrás dessas metas enquanto você não se desfizer de todas as expectativas que lhe foram impostas pelos outros, e que agora você pensa que são suas. Há a possibilidade de que essas expectativas estejam apenas na sua mente, mas isso não significa que elas não possam jogá-lo ao chão. É hora de arriar a carga, e dizer a essas figuras que sigam o seu próprio caminho.

INTENSIDADE



INTENSIDADE

O Zen diz: Considere todos os grandes ditos e os grandes ensinamentos, como seus inimigos mortais. Evite-os, porque você precisa encontrar a sua própria fonte. 
Você não tem que ser um seguidor, um imitador. Você precisa ser um indivíduo original; precisa encontrar por si mesmo o seu âmago mais profundo, sem nenhum guia, sem escrituras que o orientem. É uma noite escura, mas com a chama intensa dessa busca, você está destinado a chegar até o nascer do sol. 

Todos os que arderam com uma intensa procura, encontraram o nascer do sol. Outros limitam-se a acreditar. Esses que acreditam não são religiosos; eles estão simplesmente evitando, com essa crença, a grande aventura da religião.

COMENTÁRIO:
A figura desta carta assumiu a forma de uma seta, movendo-se com o foco unidirecionado daquele que sabe precisamente onde está indo. Movimenta-se com tamanha velocidade que quase se transformou em pura energia. Sua intensidade não deve, porém ser confundida com a energia obsessiva que faz as pessoas dirigirem seus carros à velocidade máxima para ir do ponto A para o ponto B. Esse tipo de intensidade pertence ao mundo horizontal do espaço/tempo. A intensidade representada pelo Cavaleiro do Fogo é pertinente ao mundo vertical do momento instantâneo -- um reconhecimento de que agora é o único momento que existe, e de que aqui é o único espaço. 
Quando você age com a intensidade do Cavaleiro do Fogo, é provável que isso provoque ondulação nas águas à sua volta. Alguns irão sentir-se valorizados e renovados pela sua presença, outros poderão sentir-se ameaçados ou incomodados. As opiniões alheias importam pouco, porém; nada poderá detê-lo neste momento.

NÓS SOMOS O MUNDO



NÓS SOMOS O MUNDO

Quando milhares e milhares de pessoas em todo o mundo estão celebrando, cantando, dançando, em êxtase, embriagados pelo sentimento do divino, não existe nenhuma possibilidade de um suicídio global. 
Com essa festividade e com tanto riso, com tanto equilíbrio e saúde, com tanta naturalidade e espontaneidade, como poderia acontecer uma guerra?...
A vida lhe foi dada para que você crie, seja feliz e celebre. Quando você chora, quando está infeliz, fica sozinho. Quando está celebrando, a existência inteira participa com você. 
Somente na celebração encontramos o que é fundamental, o que é eterno. Somente na celebração ultrapassamos o círculo do nascimento e da morte.

COMENTÁRIO:
Aqui, a humanidade é representada como um arco-íris de seres dançando em volta da mandala da Terra, com pessoas de mãos dadas e alegres, gratas pela dádiva da vida.
Esta carta representa um tempo de comunicação e de compartilhar as riquezas que cada um de nós traz para o todo. Aqui não há apego, nenhum sentimento de propriedade. É um círculo sem medo de sentimentos de inferioridade e de superioridade.
Quando reconhecemos a fonte comum da nossa humanidade, as origens comuns dos nossos sonhos e anseios, das nossas esperanças e dos nossos medos, tornamo-nos capazes de perceber que estamos todos juntos no grande milagre da existência. Quando conseguimos somar nossa enorme riqueza interior para criar um tesouro de amor e sabedoria que esteja ao alcance de todos, ficamos todos interligados no mecanismo único da criação eterna.

PROJEÇÕES



PROJEÇÕES

Numa sala de cinema, você olha para a tela, nunca para o fundo da sala -- o projetor está no fundo. O filme de fato não está na tela: é apenas uma projeção de sombra e luz. O filme existe apenas lá atrás, mas você nunca olha naquela direção. E o projetor está lá.
Sua mente está por trás da coisa toda: a mente é o projetor. Mas você fica sempre olhando para o outro, porque o outro é a tela. 
Quando você está apaixonado, a pessoa parece linda, incomparável. Quando você sente ódio, a mesma pessoa parece a mais feia de todas, e você nunca se questiona como pode a mesma pessoa ser a mais feia e a mais bonita...
A única maneira, portanto, de se chegar à verdade, é aprender como enxergar diretamente, como deixar de lado a intermediação da mente. Essa interferência é o problema, porque a mente só é capaz de criar sonhos... Com a ajuda do seu entusiasmo, o sonho começa a parecer realidade. Quando o entusiasmo é demasiado, então você está intoxicado, não está na posse dos seus sentidos. Nessa condição, o que quer que você enxergue será apenas uma projeção sua. E existem tantos mundos quanto mentes, porque cada mente vive no seu próprio mundo.

COMENTÁRIO:
O Homem e a mulher desta carta estão se olhando; contudo, não são capazes de se enxergar com nitidez. Cada qual está projetando uma imagem que construiu em sua mente, de maneira a encobrir o rosto verdadeiro da pessoa para quem está olhando.
Todos nós podemos cair na armadilha de projetar "filmes" de nossa própria autoria, sobre as situações e as pessoas à nossa volta. Isso acontece quando não estamos plenamente conscientes de nossas expectativas, desejos e julgamentos; em vez de assumir a responsabilidade por tais expectativas, desejos e julgamentos, e de reconhecê-los como nossos, tentamos atribuí-los aos outros. 
Uma projeção pode ser diabólica ou divina, perturbadora ou confortadora, mas continua sendo uma projeção -- uma nuvem que nos impede de ver a realidade como ela é. O único modo de escapar disso é entender como funciona o jogo. Quando você der com um julgamento se formando a respeito de outra pessoa, vire-o do avesso: aquilo que você está vendo no outro, na verdade, não pertence a você? A sua visão está límpida, ou obstruída pelo que você quer ver?